O linchamento social é um dos instintos mais perversos da humanidade e que tem como objetivo descarregar frustrações pessoais em terceiros sem nenhum tipo de peso na consciência. Durante a década de 30 os alvos foram os judeus. Minoria na Europa o grupo etno-religioso serviu como bode expiatório para a ascensão de governos totalitários e posteriormente a eclosão da segunda guerra mundial. Taxados de gananciosos, controladores, e sabotadores, a comunidade judaica foi marginalizada para os guetos da sociedade europeia, sendo posteriormente assassinados em câmaras de gás entre outros métodos brutais de genocídio. No entanto em pleno século XXI parecemos esquecer das lições do passado. A ideologia nando-olavética instaurada no Brasil pós 2018 contaminou a cabeça de 99,17% dos brasileiros, que ensandecidos por uma falsa sede de justiça, se juntaram para linchar e humilhar uma mulher negra, bissexual e periférica, despertando gatilhos não somente nas minorias outrora exterminadas no passado, mas consequentemente nas minorias discriminadas no presente como incels, pessoas zootrans e comunidade LGBTQIIZ+ em geral. Enfim, a vingança, o racismo e o ódio venceram em um país já contaminado pelo mesmo. Setores da sociedade que outrora diziam defender pautas minoritárias, cederam ao sentimento de ódio propagado de maneira subversiva pela extrema direita. O dia 23 de fevereiro de 2021 vai ser considerado pela história o dia em que 99,17% de uma nação inteira se uniu a favor do ódio, e que apenas a história, caso não seja reescrita, será capaz de mostrar para as futuras gerações.
O que o linchamento da Karol Concá e a morte de 6 milhões de judeus tem em comum?
fevereiro 23, 2021